Trabalhar Cuidando de Idosos

Trabalhar Cuidando de Idosos

Brasil tem acompanhado a tendência que há muito tempo é comum em países desenvolvidos, principalmente na Europa: o envelhecimento da população. Um levantamento do IBGE concluiu que o número de brasileiros com mais de 60 anos cresceu 55% entre 2001 e 2011, passando de 15,5 para 23,5 milhões de pessoas, e deve saltar para 58,4 milhões até 2060. Além disso, até 2030, terá mais idosos do que crianças até 14 anos.

Ligado a este significante aumento da qualidade de vida dos brasileiros, os idosos fazem parte ainda de um outro avanço social. Se antes, cada casal tinha três ou mais filhos que se revezavam nos cuidados com os pais, hoje, além de menos filhos, os herdeiros trabalham fora e mantêm as atividades até uma idade mais avançada do que era costume em décadas passadas.

Com estas mudanças, as pessoas desta faixa etária demandam cada vez mais cuidados intensos para realizarem tarefas que não são mais tão simples quando se tem 90 anos. Para assumir estas responsabilidades – que antes costumavam ser da empregada doméstica ou dos filhos – , apareceram os cuidadores de idosos. “Os cuidadores são como uma figura comum há muito tempo, que são as babás”, explica o geriatra do Hospital Albert Einstein, Dr. José Campos Filho. Estes profissionais são pessoas sem formação específica, mas geralmente treinadas, que ajudam nas tarefas básicas do cotidiano, como alimentação, banho, vestimenta e controle das medicações.

“O cuidador não oferece um serviço médico, é uma companhia, ajuda nas atividades do dia a dia”, resume Eduardo Chvaicer, responsável pela filial brasileira da empresa Right at Home, uma franquia norte-americana que oferece serviços deste tipo a mais de 15 mil clientes no mundo todo distribuídos em cerca de 370 escritórios que vão do Canadá ao Japão.

A profissão

Nos Estados Unidos, ser cuidador é uma profissão regulamentada organizada através de cursos de extensão, com currículo definido e formação exigida por lei. Aqui no Brasil, ainda não há nenhum tipo de organização a respeito da função, o que dificulta a qualificação dos profissionais, que geralmente fazem apenas cursos de aperfeiçoamento – com o aumento da demanda, eles já são oferecidos por instituições como a USP (Universidade de São Paulo), Senac e Cruz Vermelha – requisitados pelas empresas contratantes. “Apesar da pessoa não ter preparo médico e estar fazendo só companhia, se acontecer algum problema, ela precisa ter alguma responsabilidade”, alerta Dr. José. Por isso, definir os padrões de treinamento é importante.

No geral, estes profissionais costumam ser pessoas que já cuidaram de alguém em condições parecidas ou se identificam com a função. Além da experiência, requisito primordial para começar na carreira, devem ser pessoas que não abrem mão da nobreza e da gentileza para lidar com a rotina puxada do cliente. “O cuidador tem que ter extrema paciência e carinho porque, além de lidar com o fim da vida, vai dar atenção a pessoas que precisam de suporte o tempo todo”, comenta Eduardo Chvaicer, responsável pela empresa Right at Home.

Salários

Devido à falta de legislação específica, a função é regulamentada de acordo com a PEC das Domésticas porque é exercida dentro das casas dos clientes. Como eles devem ter uma carga horária de oito horas diárias, é preciso contratar no mínimo dois profissionais para os idosos que precisam de atenção 24 horas por dia. No mercado, há várias empresas que oferecem profissionais e serviços. Algumas, fazem o recrutamento e encaminham os cuidadores às casas, depois disso a responsabilidade é inteira da família. Nestes casos, o salário deles gira entre R$ 1.800 e R$ 2.400.

Outras empresas já oferecem o pacote completo de cuidados e se responsabilizam pelo serviço prestado, caso da Right at Home. Para idosos que precisam de cuidados dia e noite, fins de semana e feriados, o valor mensal pode chegar a R$ 12 mil. “No mínimo, o salário de um cuidador é R$ 1.500, mas já tivemos alguns que chegaram a ganhar R$ 4.500 porque falam inglês, frequentam todos os tipos de lugares”, explica Eduardo Chvaicer, responsável pela empresa.

Além do atendimento diário, cuidados pontuais também podem ser contratados. Um banho, que faz com que o cuidador fique cerca de 40 minutos na casa da família, pode custar até R$ 50.